PORRA! Mais uma vez, PORRA! É demais. O destino é trágico? Não! A incompetência governativa é que é assassina! A 30 de Janeiro, a Polícia de Paulo de Almeida do MPLA e o Ministério do Interior de Laborinho do MPLA, assassinaram, covardemente, mais de 100 cidadãos inocentes, no Kafunfu-Cuango, Lunda Norte, entre os quais, um primo e sobrinho, como se fossem cães, por reclamarem o fim da fome e miséria, numa terra rica em diamantes.
Por William Tonet
Assassinos, mentirosos! Assassinos, aldrabões! Assassinos, masoquistas! Assassinos… ao longo de 45 anos de cidadãos desarmados e inocentes!
Incapazes de dialogar, são covardes e fortes apenas com armas e arrogância, pois fossem homens, com H, higiene intelectual e elegeriam, sempre, a palavra, o convencimento, a persuasão, ao invés das baionetas e canhões, quais reles energúmenos, sem moral republicana.
Na madrugada de 16.04, um insistente tocar do telefone, no atendimento, uma voz infantil, trémula e sentida dá a fatídica notícia: “tio, o papá se matou”! PORRA! Suicídio! Mais um. Fruto da espiral de desemprego e falta de esperança de quadros e juventude, face às políticas nefastas de quem (des)governa os angolanos.
O luto, agora, faz morada, em mais uma família, que acreditou, ser a formação superior do filho, marido e pai, causa bastante, para vingar, num país como Angola, carente de quadros, mas fruto da má gestão do Estado, as oportunidades escasseiam, para a maioria da juventude, que parte da forma mais indescritível.
Os detalhes tornaram-se desnecessários, ante a inocência e a dupla dor, de uma criança que carrega: luto e fome, pesos que influenciaram a fraqueza do pai, ante a pressão da vida de um quadro votado, pela política do ódio e raiva ao desempregado.
O finado era cidadão angolano, professor universitário, meu amigo, meu colega, Martins Kaluongo, formado em Londres, com bolsa de estudo da SONANGOL, colocou fim à própria vida, fruto das políticas do governo unipessoal, que à pala de combater a corrupção (selectivamente), a “gangue ideológica” que se digladia internamente, está, externamente, a assassinar, milhões de empregos e empregados.
O engenheiro informático, em vida, havia sido um dos responsáveis, por uma das melhores plataformas info-bancárias, em termos de micro-operações, entre a classe intermédia e pobre: o Xikila, garantia de levantamentos de dinheiro por SMS/telefone, que lhe garantia estabilidade e dignidade social, até que, pese a carteira de clientes considerável e segurança nos depósitos, por razões políticas (sócios ligados ao presidente emérito do MPLA, José Eduardo dos Santos) o BNA, por orientação do MPLA/João Lourenço (veja-se o carácter perverso deste partido, contra os angolanos e Angola), indiferente, aos terceiros de boa-fé, ordenou de forma, inexplicável, raivosa, dolosa e sentido anti-republicano, pelo encerramento do banco, lançando no desemprego mais de 1000, incluindo Kaluongo, que se juntaria ao exército de 6.800 bancários, fruto do encerramento de cinco bancos comerciais.
Um verdadeiro e macabro crime económico.
Desprezado pela irresponsabilidade pública, alista-se na “guerrilha” para conquista de novo emprego, acreditando na manutenção da dignidade, mas, mesmo como engenheiro, desconseguiu, encontrar melhor que serviço de táxi (durante dois anos), fazendo puxadas diárias, desde as 4h30 da madrugada, às 21h30, comendo uma sandes de manteiga e água, durante o dia.
No terceiro ano começou a dar aulas, numa faculdade, mas com a redução de alunos, foi definhando nas horas ministradas, ao ponto de ter meses, que como professor universitário, recebia uma avença de pouco mais de 30 mil kwanzas, equivalente a 39,00 euros, fruto de dois tempos, insuficientes para abastecer o carro e levar pão aos filhos…
Uma vergonha pública.
O empregado de limpeza da SONANGOL ganha cerca de 400 mil Kwanzas, mostrando como é banalizado o ensino universitário e o futuro do país.
Isto sufocava-o! Corava de vergonha, não conseguia alimentar a família. Não acreditava estar a passar por este calvário na própria terra, nos últimos três anos, quando na Inglaterra, após a conclusão da bolsa, recebia da Rainha (governo Reino Unido), um subsídio semanal de 300 libras. Todas estas dificuldades causavam-lhe conflitos mentais, agravados pelo facto da mulher, também, estar desempregada e, devido ao COVID-19, não ter conseguido regressar para Londres…
Tudo isso contribuiu para o final trágico de uma resistência, que lhe levou a pôr fim a vida de forma dramática, por causa da bestialidade das danosas políticas económicas de um regime, entreguista das riquezas do país, ao capital estrangeiro, anti-patriota e exímio promotor da fome e miséria.
Ninguém esquecerá os verdadeiros culpados de te quebrarem a resistência.
Paz à tua alma!
Até breve!
TAMOJUNTO!